Poesias Preferidas

Seleção de Poesias

Resultados da Pesquisa: “cecília meireles”

4º Motivo da Rosa – Cecília Meireles

Não te aflijas com a pétala que voa: também é ser, deixar de ser assim. Rosas verá, só de cinzas franzida, mortas, intactas pelo teu jardim. Eu deixo aroma até nos meus espinhos ao longe, o vento vai falando de mim. E por perder-me é que vão me lembrando, por desfolhar-me é que não tenho …

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Elegia a Uma Pequena Borboleta – Cecília Meireles

Como chegavas do casulo, — inacabada seda viva — tuas antenas — fios soltos da trama de que eras tecida, e teus olhos, dois grãos da noite de onde o teu mistério surgia, como caíste sobre o mundo inábil, na manhã tão clara, sem mãe, sem guia, sem conselho, e rolavas por uma escada como …

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O Teu Começo – Cecília Meireles

O teu começo vem de muito longe. O teu fim termina no teu começo. Contempla-te em redor. Compara. Tudo é o mesmo. Tudo é sem mudança. Só as cores e as linhas mudaram. Que importa as cores, para o Senhor da Luz? Dentro das cores a luz é a mesma. Que importa as linhas, para …

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Epitáfio da Navegadora – Cecília Meireles

A Gastón Figueira Se te perguntarem quem era essa que às areias e gelos quis ensinar a primavera; e que perdeu seus olhos pelos mares sem deuses desta vida, sabendo que, de assim perdê-los, ficaria também perdida; e que em algas e espumas presa deixou sua alma agradecida; essa que sofreu de beleza e nunca …

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Serenata – Cecília Meireles

Permita que eu feche os meus olhos, pois é muito longe e tão tarde! Pensei que era apenas demora, e cantando pus-me a esperar-te. Permite que agora emudeça: que me conforme em ser sozinha. Há uma doce luz no silencio, e a dor é de origem divina. Permite que eu volte o meu rosto para …

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No Mistério do Sem-Fim – Cecília Meireles

No mistério do Sem-Fim equilibra-se um planeta. E, no planeta, um jardim, e, no jardim, um canteiro; no canteiro, uma violeta, e, sobre ela, o dia inteiro, entre o planeta e o Sem-Fim, a asa de uma borboleta. Cecília Meireles

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Cântico IV – Cecília Meireles

Adormece o teu corpo com a música da vida. Encanta-te. Esquece-te. Tem por volúpia a dispersão. Não queiras ser tu. Quere ser a alma infinita de tudo. Troca o teu curto sonho humano Pelo sonho imortal. O único. Vence a miséria de ter medo. Troca-te pelo Desconhecido. Não vês, então, que ele é maior? Não …

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Cântico VI – Cecília Meireles

Tu tens um medo: Acabar. Não vês que acabas todo o dia. Que morres no amor. Na tristeza. Na dúvida. No desejo. Que te renovas todo o dia. No amor. Na tristeza. Na dúvida. No desejo. Que és sempre outro. Que és sempre o mesmo. Que morrerás por idades imensas. Até não teres medo de …

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Cântico XXIII – Cecília Meireles

Não faças de ti Um sonho a realizar. Vai. Sem caminho marcado. Tu és o de todos os caminhos. Sê apenas uma presença. Invisível presença silenciosa. Todas as coisas esperam a luz, Sem dizerem que a esperam, Sem saberem que existe. Todas as coisas esperarão por ti, Sem te falarem. Sem lhes falares. Cecília Meireles

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O Menino Azul – Cecília Meireles

O menino quer um burrinho para passear. Um burrinho manso, que não corra nem pule, mas que saiba conversar. O menino quer um burrinho que saiba dizer o nome dos rios, das montanhas, das flores, — de tudo o que aparecer. O menino quer um burrinho que saiba inventar histórias bonitas com pessoas e bichos …

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Noções – Cecília Meireles

Entre mim e mim, há vastidões bastantes para a navegação dos meus desejos afligidos. Descem pela água minhas naves revestidas de espelhos. Cada lâmina arrisca um olhar, e investiga o elemento que a atinge. Mas, nesta aventura do sonho exposto à correnteza, só recolho o gosto infinito das respostas que não se encontram. Virei-me sobre …

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Canção Quase Inquieta – Cecília Meireles

De um lado, a eterna estrela, e do outro a vaga incerta, meu pé dançando pela extremidade da espuma, e meu cabelo por uma planície de luz deserta. Sempre assim: de um lado, estandartes do vento… – do outro, sepulcros fechados. E eu me partindo, dentro de mim, para estar no mesmo momento de ambos …

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Cântico XIX – Cecília Meireles

Não tem mais lar o que mora em tudo. Não há mais dádivas Para o que não tem mãos. Não há mundos nem caminhos Para o que é maior que os caminhos E os mundos. Não há mais nada além de ti, Porque te dispersaste… Circulas em todas as coisas E todos te sentem Sentem-te …

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Canção do Amor-Perfeito – Cecília Meireles

Eu vi o raio de sol beijar o outono. Eu vi na mão dos adeuses o anel de ouro. Não quero dizer o dia. Não posso dizer o dono. Eu vi bandeiras abertas sobre o mar largo e ouvi cantar as sereias. Longe, num barco, deixei meus olhos alegres, trouxe meu sorriso amargo. Bem no …

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A Chuva Chove – Cecília Meireles

A chuva chove mansamente … como um sono Que tranquilize, pacifique, resserene … A chuva chove mansamente … Que abandono! A chuva é a música de um poema de Verlaine… E vem-me o sonho de uma véspera solene, Em certo paço, já sem data e já sem dono… Véspera triste como a noite, que envenene …

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