Verdade – Carlos Drummond de Andrade
poesiaspreferidas.wordpress.com ♦ setembro 10, 2014 ♦ 3 Comentários
A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia…
Carlos Drummond de Andrade
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Encantado, ventilado ! 🙂
Mais uma jóia.Obrigado.
Obrigada, Sr. Eder.